O Dia Internacional das Pessoas Idosas, celebrado anualmente em 1º de outubro, foi instituído em 1991 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre os direitos das pessoas idosas e promover um envelhecimento digno e ativo. 

 

Desde então, a data tem servido como um marco para discutir os avanços e os desafios enfrentados pelas pessoas idosas no Brasil e no mundo, abordando temas como saúde, proteção social, participação ativa na sociedade e combate à discriminação.

 

Conquistas e Alcances

 

Ao longo das últimas décadas, foram inegáveis os avanços nas políticas públicas voltadas para a pessoa idosa. No Brasil, a criação do Estatuto do Idoso, em 2003, representou um dos maiores marcos nessa trajetória. Este instrumento legal assegura direitos fundamentais, como saúde, transporte, lazer, moradia e prioridade no atendimento. Com ele, a sociedade brasileira passou a reconhecer a importância de garantir a dignidade, o respeito e a inclusão das pessoas idosas em todos os aspectos da vida social e econômica.

 

Outra conquista importante foi o aumento da longevidade. Graças aos avanços na medicina e às melhorias nas condições de vida, a expectativa de vida no Brasil subiu significativamente. Isso é motivo de celebração, mas também impõe novos desafios: como garantir qualidade de vida para uma população cada vez mais envelhecida?

 

Além disso, a participação ativa das pessoas idosas na vida social e econômica também se tornou um foco importante. A ideia de que a terceira idade é uma fase exclusivamente de dependência tem sido gradualmente substituída por uma visão mais ampla, que reconhece o papel fundamental que essas pessoas desempenham como cuidadores, trabalhadores, voluntários e transmissores de conhecimento e cultura.

 

Desafios e o Que Ainda Precisa Ser Alcançado

 

Apesar dos avanços, muitos desafios ainda persistem. A realidade brasileira revela que grande parte das pessoas idosas enfrenta condições de vida marcadas pela vulnerabilidade social, econômica e de saúde. O envelhecimento ativo, embora seja uma meta global, ainda é um privilégio para poucos. Muitos idosos vivem com renda baixa, têm acesso limitado a serviços de saúde de qualidade e enfrentam dificuldades de mobilidade e acessibilidade nas cidades.

 

A saúde da pessoa idosa, por exemplo, continua sendo uma preocupação. O Sistema Único de Saúde (SUS) ainda precisa se adequar para atender à crescente demanda por cuidados específicos, incluindo doenças crônicas, perda de mobilidade e a questão da saúde mental. A solidão, a depressão e a negligência são problemas frequentemente subestimados, mas que afetam uma parcela significativa da população idosa no Brasil.

 

O preconceito etário, ou ageísmo, também permanece como um obstáculo. Mesmo com as proteções legais, as pessoas idosas ainda enfrentam discriminação no mercado de trabalho, nos serviços de saúde e em outras áreas da vida cotidiana. A sociedade ainda tende a enxergar o envelhecimento como um problema a ser evitado, em vez de uma etapa natural e enriquecedora da vida. Combater essas formas de discriminação e promover uma cultura de respeito e valorização da idade é um passo essencial para uma sociedade mais inclusiva.

 

Como se sentem as pessoas idosas no Brasil?

 

A experiência de envelhecer no Brasil é diversa e depende de muitos fatores, como classe social, região e acesso a serviços públicos. No entanto, muitos idosos relatam sentimentos de invisibilidade e exclusão, especialmente quando suas opiniões e necessidades não são ouvidas ou respeitadas. Para alguns, o envelhecimento traz um senso de liberdade e realização pessoal, a oportunidade de viver de maneira mais plena e autêntica após uma vida de trabalho e responsabilidades. Para outros, contudo, o processo pode ser marcado por desafios, como a perda de autonomia, a solidão ou o luto pela partida de amigos e familiares.

 

Muitos relatam a dificuldade em lidar com a transição para a aposentadoria ou com a perda de papéis sociais que antes desempenhavam, como o de trabalhador ou provedor. Nesse contexto, é importante que a sociedade ofereça oportunidades para que as pessoas idosas continuem a se sentir úteis e valorizadas, seja por meio de trabalho, voluntariado ou atividades culturais e recreativas.

 

Por outro lado, muitas pessoas idosas também encontram no envelhecimento uma fase de redescoberta e crescimento. Com mais tempo para si mesmas, dedicam-se a hobbies, à convivência familiar e à construção de novos laços de amizade. Em muitos casos, a aposentadoria permite que realizem sonhos que antes eram adiados, como viagens, novos aprendizados e projetos pessoais.

 

O Futuro e o Que Podemos Fazer

 

O Brasil está envelhecendo rapidamente. As projeções indicam que, em poucas décadas, a população idosa superará o número de jovens, trazendo novas demandas para o país. Nesse sentido, é fundamental que as políticas públicas não apenas se adaptem a essa realidade, mas que sejam proativas em garantir os direitos e a dignidade das pessoas idosas.

 

Investir na infraestrutura das cidades, para que sejam mais acessíveis e acolhedoras para todos, é uma necessidade urgente. Isso inclui calçadas adequadas, transporte público acessível e moradias que favoreçam a autonomia. Além disso, é fundamental que os serviços de saúde sejam ampliados e especializados, atendendo às necessidades físicas e mentais da população idosa.

 

A sociedade também precisa repensar suas atitudes em relação ao envelhecimento. A valorização da pessoa idosa começa com a mudança de mentalidade, reconhecendo seu papel essencial na transmissão de saberes, cultura e valores. É preciso fomentar o respeito e o cuidado intergeracional, promovendo um diálogo entre jovens e idosos que enriqueça ambos os lados.

 

O Dia Internacional das Pessoas Idosas é, portanto, mais do que uma data comemorativa: é um convite para que a sociedade reflita sobre como deseja tratar seus cidadãos mais experientes. 

 

É um lembrete de que o respeito à pessoa idosa é, em última instância, o respeito a todos nós, já que o envelhecimento é um destino comum. Celebrar essa data é celebrar a vida, em todas as suas fases, com dignidade e humanidade.

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