Direcionada para o público acima dos 50 anos, a Feira da Longevidade surgiu em Brasília (DF) em 2016 para atender de forma diferenciada os cidadãos seniores. A primeira edição da feira, que promete ser anual, foi realizada nos dias 29 e 30 de abril e 1º de maio, e reuniu produtos, serviços e informações atualizadas para o cenário da crescente expectativa de vida. A ABRACS conversou com uma das idealizadoras do evento, Liana Alagemovits. Confira!

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ABRACS: Como surgiu a ideia da realização da Feira da Longevidade?

Liana Alagemovits: A ideia da feira surgiu da observação de que nosso país está envelhecendo. A partir dai começamos, eu e minha sócia Rachel Formiga, a fazer diversas pesquisas em todo o Brasil e em diversos países do mundo para ter um retrato do que está sendo feito para essa fatia da população que possui necessidades específicas. Sabemos que o mundo terá 2 bilhões de idosos – pessoas com mais de 60 anos – em 2050, de acordo com projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS). Temos então, pela frente, que enfrentar  doenças crônicas e o bem-estar da terceira idade como uma questão de novos desafios de saúde pública global, além de sermos capazes de oferecer uma vida real para todos, ou seja com diversão e dignidade humana. Para isso temos que desenvolver tecnologias, produtos e serviços que se adequem a essas pessoas, que – de maneira geral – possuem um tempo diferenciado porque estão se tornando aposentados e que também gerenciam suas finanças com mais folga, uma vez que seus filhos já devem estar seguindo suas vidas e, assim, não necessitam de aporte financeiro como antes.

Encontramos, depois de pesquisar e conversar com diversos grupos e ONGs que tratam do assunto, um estudo denominado Global AgeWatch Index, datado de 2015, que aponta quais são os países, entre  96  pesquisados, que oferecem melhor qualidade de vida para os idosos no sentido de segurança de renda, saúde, capacitação e inteiração social. Não foi de se estranhar que países mais desenvolvidos conseguiram melhores posições, como a Suíça, que ficou em primeiro lugar, seguida pela Noruega, Suécia, Alemanha e Canadá, entre outros. Estranhamente o Japão ficou em oitavo lugar, o que nos surpreendeu devido a filosofia oriental de respeito aos idosos. Aqui na América Latina, o Chile ficou em vigésimo primeiro lugar, sendo que o nosso país nem conseguiu pontuar a centésima posição. Temos muito o que fazer aqui em termos de políticas públicas e de mercado.

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A: Qual o diferencial entre a Feira e os demais eventos realizados para o público da terceira idade?

LA: Podemos falar que no Brasil e, especialmente, em Brasília nunca houve nada igual. Há encontros semelhantes em outras cidades brasileiras, mas não com o nosso viés. Estamos abrindo um fórum de discussões e trabalhando para chamar a atenção do mercado em todas as vertentes possíveis. Assim, em nosso evento, temos palestras sobre segurança, saúde mental e sexual, além de debates sobre família, beleza, gastronomia, capacitação profissional, viagens, ecologia, sustentabilidade e até sobre leis. Na Feira da Longevidade oferecemos a oportunidade para que as pessoas acima dos 50 anos conheçam novidades  – aproximando tecnologia e empresas de um ávido público consumidor.  Para isso, produzimos um evento feliz com danças, shows e um espaço gourmet especial. Queremos por fim, falar de vida, e não apenas de doenças. Queremos contribuir para celebrar a verdadeira vida com essas pessoas, aproximando as gerações deixando que o conceito de longevidade se aplica a todos nós, é só parar um pouquinho para pensar e você pode perceber que estamos falando do ser humano desde que ele nasce.

A: A ABRACS apoia o empoderamento dessa camada crescente da população que é a terceira idade. A Feira da Longevidade contribui de alguma forma para esse empoderamento?

LA: Sim, porque o empoderamento vem com a dignidade, com a possibilidade de se compreender que é preciso ser dono do seu destino e que é possível, por exemplo, dançar em qualquer idade, assim como é possível também tomar decisões como para onde viajar, sobre a volta a alguma atividade,  trabalhar, estudos e como seguir um planejamento financeiro. Por isso, oferecemos em nosso evento palestras sobre leis, direitos e transparência, ou seja, contribuímos para a conscientização das pessoas.

A: Como foi a receptividade do público no primeiro evento?

LA: Surpreendente. Já havíamos feito o lançamento do evento, em outubro do ano passado, quando nos aproximamos de empresas e associações diversas. Mas durante a nossa feira, conhecemos muito mais e atraímos grupos super interessantes que interagiram entre si. A feira da Longevidade aconteceu em um momento político complicado, mas não desistimos porque acreditávamos nos nossos parceiros e eles em nós. O resultado superou as expectativas de público, gerando um fluxo positivo para o Brasília Shopping – onde o evento foi realizado.

A: Quando será o próximo? Qual a programação e perspectivas?

LA: As pessoas que compareceram e que participaram com seus stands nos procuram constantemente para que possamos fazer diversas ações. Mas, por enquanto, estamos nos concentrando no próximo evento que está programado para julho do ano que vem. Estamos felizes e orgulhosos pelo trabalho desenvolvido com muito carinho, cuidado e esperança. Deu certo, chamamos a atenção da comunidade e estamos ampliando o mercado que é promissor. A Feira da Longevidade se tornou uma atração necessária e esta foi apenas a primeira, de tantas que virão – por todo o país – do Grupo Conceito.

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