A prevalência de obesidade entre pessoas idosas aumentou globalmente nas últimas décadas. No Brasil, entre 2006 e 2019, a porcentagem de pessoas com 60 anos ou mais classificadas como acima do peso aumentou de 53,7% para 60,4% anualmente, e a taxa de obesidade aumentou de 16,1% para 20,8% anualmente, de acordo com dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), conduzido pelo Ministério da Saúde.

Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) revelou que idosos obesos que sofrem de distúrbios do sono apresentam menor força muscular nos braços e nas pernas, um maior percentual de gordura corporal e sintomas elevados de ansiedade e depressão em comparação com aqueles que têm um sono de boa qualidade. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports.

 

Essa tendência ascendente foi mais pronunciada entre homens e indivíduos com 80 anos ou mais em relação ao excesso de peso, e entre aqueles com idade entre 70 e 79 anos em relação à obesidade.

 

O pesquisador principal do estudo, o fisiologista clínico de exercícios Hamilton Roschel, enfatizou a difícil convergência de fatores: “Temos uma tempestade perfeita – um aumento na população idosa e um aumento na obesidade dentro desse grupo, que tradicionalmente já experimenta distúrbios do sono com mais frequência, além de uma diminuição da força muscular, da massa magra e da saúde mental. É também importante lembrar que, mesmo na população em geral, a qualidade do sono é considerada um determinante crítico da saúde.”

 

A pesquisa envolveu membros do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP) e da Faculdade de Medicina (FM-USP), juntamente com cientistas da Disciplina de Geriatria da FM-USP.

 

Para investigar a ligação entre a qualidade do sono e os parâmetros quantitativos e qualitativos da saúde mental e física em pessoas idosas com obesidade, os pesquisadores conduziram o estudo da seguinte forma: eles administraram questionários validados sobre diversos aspectos de saúde a dois grupos de 95 idosos obesos (homens e mulheres), categorizados como bons (46) e maus (49) dormidores. A composição corporal e a funcionalidade dos participantes também foram avaliadas.

 

Roschel explicou as descobertas: “Descobrimos que os participantes com sono ruim apresentaram pior saúde física e mental, incluindo menor vitalidade, mais dor muscular e funções físicas e mentais comprometidas. Essas pessoas também tinham um percentual maior de gordura corporal, menos massa magra e força muscular relativa, além de pontuações mais baixas para depressão, ansiedade e qualidade de vida.”

 

Na avaliação dos autores, os resultados do estudo destacam a importância de abordar a saúde do sono dessas pessoas idosas para mitigar ou reverter os impactos da obesidade e do envelhecimento em diversos aspectos de sua fisiologia, como resposta anabólica e metabolismo da glicose, e em sua qualidade de vida geral.

 

Roschel observou a importância dessas descobertas para a saúde pública: “A constatação de que a população idosa obesa está em maior risco de resultados piores pode nos ajudar a identificar e encaminhar adequadamente os pacientes dentro de um sistema de saúde pública abrangente como o SUS [Sistema Único de Saúde], evitando uma deterioração adicional de sua saúde geral.”

 

Nos próximos meses, o grupo de pesquisa da USP planeja publicar um estudo longitudinal complementar envolvendo terapias de estilo de vida destinadas a abordar resultados negativos relacionados à composição corporal (como perda de massa muscular e redução de adiposidade) e distúrbios metabólicos (como controle glicêmico e perfil lipídico).

 

Para obter mais detalhes, o artigo intitulado “Sleep quality is a predictor of muscle mass, strength, quality of life, anxiety and depression in older adults with obesity,” coassinado por Rafael Genário, Saulo Gil, Gersiel Oliveira Júnior, Alice Erwig Leitão, Tathiane Franco, Ruan Célio dos Santos Sales, Eduardo Ferriolli, Alexandre Leopold Busse, Wilson Jacob Filho e Bruno Gualano, pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41598-023-37921-4.

 

Aqui estão sete dicas para adormecer rapidamente e alcançar um sono de qualidade:

 

  1. Estabeleça uma Rotina: Acorde sempre à mesma hora, inclusive nos fins de semana, e exponha-se à luz solar da manhã para ajudar a regular o seu relógio biológico.

 

  1. Atividade Física Regular: Pratique exercícios físicos regularmente, mas evite atividades intensas perto da hora de dormir.

 

  1. Limite a Ingestão de Cafeína: Evite a cafeína, incluindo café, chá, bebidas energéticas e chocolate, no final da tarde e à noite.

 

  1. Reduza o Consumo de Álcool: Limite o consumo de álcool, especialmente perto da hora de dormir, pois pode interferir na qualidade do sono.

 

  1. Evite Telas: Evite telas de dispositivos como smartphones, tablets e televisões pelo menos uma hora antes de dormir, pois a luz azul emitida pode interferir na produção de melatonina, o hormônio necessário para o sono.

 

  1. Horário de Dormir Consistente: Vá para a cama à mesma hora todas as noites para ajudar o seu corpo a estabelecer um padrão de sono natural.

 

  1. Crie um Ambiente de Sono Confortável: Certifique-se de que o seu quarto seja confortável, com roupas de cama leves e uma temperatura adequada. Um banho morno antes de dormir pode ajudar na relaxação.

 

Fonte: Noticias.r7.com

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