Nos últimos 100 anos, a luta pela igualdade de gênero permitiu que as mulheres adentrassem em áreas até então exclusivas dos homens, como o mercado de trabalho. A participação feminina no mercado de trabalho trouxe mudanças significativas nas sociedades contemporâneas, refletindo-se na atual situação econômica da mulher idosa. 

A entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho contribuiu para uma mudança no papel das mulheres na sociedade. 

A inclusão das mulheres no mercado de trabalho não só aumentou a produtividade das empresas como contribuiu para o aumento da renda per capita das famílias. 

Além disso, a participação feminina no mercado de trabalho também permitiu que as mulheres tivessem uma aposentadoria própria, garantindo certa independência financeira na velhice.

No Brasil, no entanto, a situação financeira da mulher idosa ainda apresenta diversos desafios, apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que as mulheres idosas apresentam maior risco de pobreza do que os homens na mesma faixa etária.

Uma das principais causas dessa vulnerabilidade financeira é a desigualdade salarial entre homens e mulheres ao longo da vida laboral. Mesmo com a crescente participação feminina no mercado de trabalho, as mulheres ainda enfrentam dificuldades para obter salários equivalentes aos dos homens, além de terem menos oportunidades de ascensão profissional.

Além disso, a dupla jornada de trabalho, que ainda é uma realidade para muitas mulheres, pode impactar negativamente a carreira profissional e a renda. As mulheres ainda são as principais responsáveis pelos cuidados com a casa e com a família, o que muitas vezes as impede de se dedicarem integralmente ao trabalho remunerado.

Outro fator que contribui para a vulnerabilidade financeira das mulheres idosas é a sua maior expectativa de vida. As mulheres costumam viver mais do que os homens, o que significa que precisam se preparar financeiramente para uma vida mais longa e com mais gastos com saúde e cuidados pessoais.

E por fim, a pandemia da COVID-19 teve, também, um impacto significativo na situação financeira das mulheres idosas no Brasil. Com o aumento do desemprego e a queda da renda das famílias, muitas mulheres idosas perderam suas fontes de renda e tiveram que recorrer a aposentadorias e pensões para sobreviver.

A situação econômica da mulher idosa é reflexo dessas desigualdades, evidenciando a necessidade de políticas públicas que garantam a independência financeira e a proteção social das mulheres ao longo de toda sua vida.

Para garantir a proteção social e econômica das mulheres idosas é fundamental que o Estado e a sociedade em geral adotem medidas como:

  1. Políticas de igualdade salarial: É necessário adotar políticas públicas que garantam a igualdade salarial entre homens e mulheres ao longo da vida laboral, a fim de minimizar a desigualdade econômica entre os gêneros e garantir uma aposentadoria mais justa.
  2. Incentivos para a inserção no mercado de trabalho: É importante criar políticas que incentivem a inserção das mulheres no mercado de trabalho, tais como programas de qualificação profissional, incentivos fiscais para as empresas que contratem mulheres acima de determinada faixa etária e políticas de flexibilização de jornada de trabalho.
  3. Fortalecimento da previdência social: É fundamental fortalecer a previdência social, garantindo uma aposentadoria digna e sustentável para as mulheres idosas.
  4. Políticas de cuidado: É preciso criar políticas públicas que reconheçam o trabalho de cuidado como um trabalho essencial e que garantam o acesso das mulheres a serviços de cuidado, tais como creches, cuidados domiciliares, serviços de saúde e de assistência social.
  5. Proteção contra a violência: É importante criar políticas de proteção contra a violência doméstica, sexual e financeira, uma vez que muitas mulheres idosas são vítimas desses tipos de violência.
  6. Acesso à educação financeira: É fundamental promover a educação financeira das mulheres idosas, para que elas possam planejar sua vida financeira de forma mais consciente e segura.
  7. Investimento em programas de capacitação: É importante investir em programas de capacitação voltados para as mulheres idosas, de forma a qualificá-las para novas oportunidades de trabalho e empreendedorismo.
  8. Promoção do empreendedorismo feminino: É necessário promover o empreendedorismo feminino, incentivando a criação de empresas lideradas por mulheres idosas e fornecendo apoio financeiro e técnico para o desenvolvimento de seus negócios.
  9. Ampliação do acesso a serviços públicos: É importante ampliar o acesso das mulheres idosas aos serviços públicos, como saúde, transporte e cultura, garantindo que elas possam usufruir plenamente de seus direitos como cidadãs.
  10. Sensibilização da sociedade: É fundamental sensibilizar a sociedade sobre a importância da proteção social e econômica das mulheres idosas, combatendo estereótipos e preconceitos relacionados à idade e ao gênero e reconhecendo a contribuição dessas mulheres para a sociedade.

Cada indivíduo, dentro da sua esfera, pode colaborar para a mudança neste cenário…

É responsabilidade de cada um de nós combater a discriminação de gênero, incentivar profissionais e empreendedoras idosas, participar de ações que pressionem políticas públicas e apoiar as mulheres em suas demandas cotidianas, não só na terceira idade, mas ao longo de suas vidas.

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