De acordo com pesquisa divulgada na última quarta-feira (21) pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL), mais de um terço (33,9%) dos idosos brasileiros que já se aposentaram, permanecem em exercício profissional. Entre os aposentados de 60 a 70 anos de idade, o percentual sobre para 42,3%.

O principal motivo alegado pelos aposentados que ainda trabalham é a necessidade de complementar a renda, visto que a aposentadoria se torna insuficiente para o pagamento de contas e despesas pessoais. Esses somam 46,9%.

Ocupar a mente, se sentir produtivo e ajudar familiares também estão entre as justificativas de 23,2%, 18,7% e 9,1% dos entrevistados, respectivamente.

A maioria dos aposentados que continuam no mercado é de profissionais autônomos (17%), seguido de 10% de trabalhadores informais, 2,1% de profissionais liberais e apenas 1,7% são funcionários de empresas privadas.

Apesar da complementação de renda, a pesquisa aponta que para 74,6% dos idosos brasileiros, a aposentadoria e a pensão são as principais fontes de renda e, para 23,4%, a renda ainda não é suficiente para atender todas as necessidades dos aposentados, que, em mais da metade dos casos (59,7%), são os principais responsáveis pelo sustento financeiro da família. 95,7% contribuem ativamente com as despesas da casa.

A pesquisa mostra ainda que 38,8% dos entrevistados sentem satisfação por trabalhar e 19,7% sentem orgulho, enquanto 9,3% sentem indignação pela necessidade em um período que deveria ser de descanso e 8,1% realmente reclamam de cansaço.

Tal estudo concluiu que 35,1% das pessoas acima dos 60 anos não se prepararam adequadamente para a aposentadoria, sendo que entre as mulheres e idosos das classes C,D e E o percentual sobre para 39,5% e 41,5% respectivamente.

A pesquisa considerou “preparo” a contribuição compulsória do INSS pela empresa em que trabalhavam (40,8%), pagamento do INSS por conta própria (17,4%) e investimento em previdência privada (8,4%). O depósito em poupança também foi citado por 4,5% dos entrevistados e 4,4% contaram com o investimento em imóveis.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, afirmou que “a contribuição compulsória para o INSS via empresa não pode ser considerada uma preparação suficiente para atravessar a terceira idade sem grandes dificuldades”. Marcela disse ainda que “contar com a previdência pública é algo bastante temerário e que deve ser evitado”.

Para o presidente da ABRACS, Mauro Freitas, essa é a realidade do cenário mundial na atualidade. “As pessoas estão vivendo mais e a continuidade da atividade de trabalho é uma consequência disso”, afirmou. Freitas acredita ainda na necessidade de políticas públicas voltadas para essa nova realidade. “É preciso incentivo para que os cidadãos sêniores trabalhem em áreas de atuação que lhes são prazerosas, aumentando assim a qualidade de vida, além da renda”, finalizou.